quinta-feira, 16 de março de 2017

Oficina circense encerra suas atividades com espetáculo gratuito no sábado 18

A oficina Cena e Circo é um projeto de capacitação nas artes cênicas com foco no circo; foi oferecido e realizado pelo Ponto de Cultura CICA – Centro de Integração da Criança e do Adolescente, com investimento da Fundação Estadual de Cultura, SECTEI e Governo do Estado de MS; as aulas foram ministradas pelo Ponto de Cultura Circo do Mato, estando à frente dos trabalhos, o professor de circo, Murillo Atalaia que disse: “o projeto foi pra mim muito gratificante, especialmente pelo publico alvo, eu pude contribuir para que essas crianças e jovens tivessem a oportunidade de aprender algo novo e desafiador, além do meu crescimento pessoal e profissional, aprendi muito com eles também!”.  
Para concluir os trabalhos será apresentado ao público pelos alunos da oficina, o espetáculo “Cena e Circo”, permeado com alguns números apresentados pelo Circo do Mato. “Nosso intuito foi concluir o curso com uma apresentação bonita, que valorize o trabalho realizado pelos alunos e alunas, enriquecido com luz cênica, maquiagem, figurinos, tudo para sentirem a importância do que hoje realizam”, diz Mauro Guimarães do Circo do Mato.
O projeto visou oportunizar às crianças e adolescentes, em situação de vulnerabilidade social, uma aproximação com a arte, especificamente a arte circense, o contexto histórico, Circo Tradicional, Circos Itinerantes, o Novo Circo desenvolvendo as técnicas de acrobacias de solo e aérea, equilibrismo em pernas-de-pau e de objetos, palhaçaria, malabarismo, entre outras; com o intuito de preparar jovens para, através da arte, serem cidadãs e cidadãos sensíveis ao próximo, expressando-se e desenvolvendo-se no nível mental, intelectual e motor; promovendo uma melhor integração social.
“Oportunizar o experimento da arte às crianças e jovens, certamente significa dar-lhes condições de abrir seus horizontes e torná-los no mínimo mais sensíveis e autoconfiantes, percebendo que a arte proporciona um novo campo de trabalho, geração de renda, a libertação de alguns entraves pessoais, além de humanizar aqueles que a fazem e aqueles que a apreciam!” diz Laila Pulchério, do Circo do Mato.
Para Mário Freitas, coordenador do CICA “O projeto contribuiu para que as as crianças e adolescentes vivenciassem a arte circense despertando nelas uma outra forma de ver a realidade através da oficina, e também ajudou na socialização dos grupos e principalmente a retirada de crianças e adolescentes dos espaços da rua nos momentos que estão fora da escola”, diz.

CICA
O CICA atua junto a moradores da periferia sul de Campo Grande (MS), no Bairro Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Jardim Itamaracá, Rita Vieira e Lagoa Dourada. É Ponto de Cultura desde 2010, tem por missão oferecer ações complementares a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, trabalhando a educação integral, explorando oportunidades lúdicas, artísticas e esportivas em períodos alternados ao escolar. Sua sede está localizada em área de 2,5 hectares, onde vários projetos são executados visando propiciar condições e estímulos necessários ao desenvolvimento da criança e do adolescente objetivando sua formação física, psíquica, social e espiritual.

SERVIÇO
ESPETÁCULO CENA E CIRCO
Local: CICA - R. Nair Alves e Castro 113 - Rita Vieira
Data: 18 de março de 2017
Horário: 17h30


Contatos: 99912-1420 Laila / 99228-3371 Mário
FOTOS - nomeadas nas próprias fotos em anexo
Laila Pulchério e DIVULGAÇÃO CICA​



 
Prof, Murillo Atalaia com alunos da oficina na festa junina da instituição CICA - foto divulgação


Número aéreo em apresentação do final do ano de 2016 no CICA - foto Laila Pulchério


Pirâmide humana em evento do final do ano de 2016 no CICA - foto Laila Pulchério


Personagens com artistas do Circo do Mato visitam o CICA


quinta-feira, 9 de março de 2017

RESENHA - João e o Pé de Feijão na Terra do Nunca – A vida está para a brincadeira

João e o Pé de Feijão na Terra do Nunca – A vida está para a brincadeira

Nilcieni Maciel | 09 de março de 2017
Graduação em Letras - Português / Espanhol
Pós-graduação em Antropologia e História dos Povos Indígenas - EAD - UFMS
Professora Escola Alternativa - L. Portuguesa, L. Espanhola e Literatura
Integrante do Circo do Mato Grupo de Artes Cênicas
Atriz Núcleo Experimental UFMS

Foto: Larissa Pulchério
  Ao assistir, no último dia 02, ao espetáculo João e o Pé de Feijão na Terra do Nunca, do Circo do Mato Grupo de Artes Cênicas, compreendi o rico estado de poesia e, ao mesmo tempo angústia, propiciado por essa grande fronteira chamada Mato Grosso do Sul.

Encenado a partir do que eu chamaria de estética da simplicidade, muito comum nas brincadeiras infantis – em que se cria um mundo inteiro com o que parece pouco aos destreinados olhos adultos –, o cenário e as personagens se constroem diante do público, apostando na imaginação e na bagagem de leitura de mundo que cada espectador traz consigo. O lúdico despertado caprichosamente pela harmonia entre circo e teatro, característica marcante do grupo.

É inevitável não nos determos à representação da infância de João: um retrato da responsabilidade laboral precoce, atribuída à crianças em todos os cantos do mundo, seja tendo que buscar o sustento fora de casa, seja nas tarefas domésticas, em detrimento de se preocupar com o presente que ganhará de Natal, porque a preocupação com a fome é mais imediata. No entanto, João também representa o lado sonhador de toda criança, rica ou pobre, que tem a mesa farta ou a mesa parca, sonhos que as permitem superar toda dificuldade encontrada pelo caminho.

Explorando o universo maquinário e a roupagem cada vez mais industrializada que o cotidiano vem adquirindo, a vaca mimosa funciona – exatamente este verbo – custosamente para alimentar João e sua Mãe e, não em vão, o leite é produzido já nas embalagens longa vida, único meio pelo qual muitas crianças o veem chegar à mesa do café da manhã, o que é irônico, sendo o nosso estado grande produtor de gado bovino. Ora, não seria exatamente esse o fator que leva a humilde família de João a desertar de sua terrinha? Quão familiar soaria aos pequenos produtores rurais ou aos indígenas a cena em que o ardiloso Capitão gancho, de chapéu e berrante, ilude João com as promessas de “viver o lado bom da vida”? E o que dizer da perda de memória da pobre Mãe, seria a representação de alguns eleitores?

Nos menores detalhes a riqueza poética de um povo que muitas vezes edifica sua identidade na negação de suas raízes étnicas, históricas e culturais, e que sofre com o descaso do poder público. Uma peça que evidencia a luta diária dos trabalhadores da arte, do campo e da cidade, que se angustiam a cada retrocesso social, mas que transformam esses sentimentos em combustível para seguir na busca pelo pão de cada dia. Um espetáculo para toda pessoa que mantém dentro de si a magia de ser criança, o levar a sério a brincadeira que evidencia tudo o que acontece a nossa volta. João e o Pé de Feijão na Terra do Nunca nos convida a um momento de ludicidade, simultâneo à criticidade singela, que há em todo brincar.